Da exaustão

Me vejo querendo largar tudo, viver de brisa, viver de amor. Sair desse sistema maluco que me encontro. Está tudo errado ou sou eu a louca? Já pensei muito, entendi mais, me frustrei sem medidas. Já aceitei (ou estou quase lá), mas isso não quer dizer que concordo ou que queira viver assim. Cheguei num ponto de transição e algo tem que ser feito, rápido! Mas minha exaustão me trai, me tirando a sanidade, a clareza e habilidade pra pensar, decidir. Sei o que fazer, mas ainda sim, não consigo, a ação não vem.

Um passo de cada vez. Esse foi o primeiro.

Conquistas.

O meu trabalho me desafia diariamente. Me faz olhar para o mundo com olhos limpos de qualquer julgamento, pré-concepção, pré-conceito. Me faz questionar valores e morais, me faz olhar pra dentro de mim mesma e me faz rever quem eu sou. Convivo diariamente com mulheres que sofrem, sofreram e infelizmente ainda vão sofrer muito mais. Algumas delas simplesmente ficarão alí, naquela situação, naquele bairro, com aquelas pessoas e com aquele destino. Isso me entristece, mas mais uma vez me força a entender que cada um, num nível de consciência maior, escolhe o seu caminho de aprendizado. Eu escolhi aprender olhando, não vivenciando. Me sinto aliviando um pouco do peso que carregam, nem que seja por breve momento. Um olhar de confiança em minhas palavras ou um acordo de que não vamos desistir de viver, que vamos aguentar mais um dia que seja, pois a vida vale mais. Hoje eu consegui deixar alguém aqui por mais um dia e isso não tem preço.

Flying

Voe. Seja livre. Não se prenda. Não se prenda a nada, apenas ao que lhe preenche a alma. Não se apegue a detalhes fúteis, à crises pessoais e alheias. Voe e aprecie a vista, admire os campos vastos que sobrevoa. Se algo te prender, observe, revisite, analise. Preste bem atenção e questione seus motivos. Mas não deixe de voar, não deixe de sonhar, não deixe de viver.

Vou voando, perdendo o medo de olhar pra trás e ver o que deixei, o que ficou, o que prendeu.

Dos momentos que a vida traz

Li uma vez que a confusão é o melhor estado que uma pessoa pode se encontrar, pois é a partir dessa suspensão que se pode escolher e ir a algum lugar. Não que eu esteja confusa... quer dizer... talvez esteja... ou é apenas um momento de núvens sobre a minha cabeça. A cada dia que passa, sinto a necessidade de me desconectar de tudo, conceitos, princípios, discursos, profecias, e tudo que se encontra no externo, e simplesmente entrar em mim, ficar lá no escuro, no silêncio de mim mesma e na sabedoria que contenho, independente do seu tamanho e forma. Aqui fora tudo é tão controverso, questionável, duvidoso. Me sinto segura em mim, aprendi isso sozinha, não por trauma, medo ou desocnfiança, mas pelo empowerment de mim mesma. Muitos tentam me convencer do contrário, me tirando tal poder. Como confiar em alguém que me quer tirar o poder? Poder esse divino, onde sou mestre de mim mesma, onde sou a imagem de quem me criou. Sinto a veracidade de minhas palavras batendo em meu peito, e se eu estiver errada, que me seja mostrado, dentro de mim, o caminho que somente me beneficiará. E que os que querem distorcer meus sentimentos não se façam presentes. Vou buscar o que sentir necessário buscar. A vida mais uma vez me traz desafios e encará-los é um dever e um prazer!

Virtudes.

Já diziam os mais experientes: a paciência é uma virtude!
Comecei a descobrir isso desde que nasci. Se todo mundo carrega um karma, esse é o meu.
Aprender a dominar a paciência é complicado pra quem tem pavio curto como eu. O mais irônico é a polarização que sempre existiu dentro de mim. Sempre fui extremamente paciente com pessoas, talvez pelo fato de entender profundamente suas questões e razões. Tive uma pessoa que me ensinou, através do desafio de conviver com ela, a dizer não, a entender que se eu não me amasse primeiro, ninguém me amaria ou me respeitaria como eu desejava. Demorou, mas aprendi. Meu segundo grande desafio foi a paciência para dar à luz. 9 horas em trabalho de parto sem anestesia me ensinaram a dar um passo de cada vez, esquecer a minha mente, ouvir o meu corpo and go with the flow. Meu último e eterno professor será minha filha. Lara me desafia desde já... o choro é às vezes contínuo, alto, longo e intenso. 9 horas de parto foi fácil... Vou andando, continuo meu exercício de paciência, aprendendo tal virtude e amando loucamente essa jornada.

Me faltam palavras!

O impacto é grande, a mudança necessária e as palavras difíceis de achar. Não tem como expressar uma experiência e um amor tão grande. Acho que nem foi feito pra ser falado, mas sim sentido, vivenciado. Demoro a discorrer sobre o assunto e acho que nunca o farei com excelência, pois prefiro calar-me diante de tanta força. Poesia que canta, encanta a vida e leva a um lugar interno que aquece, acarinha, abraça. A maternidade é muda, intensa, complexa e linda. Vou vivendo, aprendendo, absorvendo... Começo então uma grande jornada, infinita, intensa e maravilhosa.

Relax and Let go.

Às vezes esquecemos tudo o que sabemos e somos pegos num turbilhão de emoções, de onde fica difícil sair. E quanto mais tentamos sair, mais entramos nele e nos enroscamos. O jeito é ir até o olho do furacão, onde dizem ser o mais seguro. E por mais que o medo nos diga o contrário, a paz que vem de dentro desse olho é maior do que se imagina. Cansa lutar contra, cansa querer dominar o que não é dominável. A gravidez me fez ir à lugares dentro de mim que nunca imaginei existirem. A experiência de ter um filho já me transformou antes mesmo de começar a ser vivenciada.

Agradeço, mais uma vez, a oportunidade de transformação e evolução.

Do apego.

Devo falar do apego, aquele que nos trava, não deixando o velho ir para o novo entrar. Devo falar do luto, aquele que tem que ser vivido, explorado, mas deixado livre pra seguir por si. Devo falar da dificuldade de largar tudo isso, mas também do alívio e profunda compreensão do benefício ao ser libertado. Devo falar da paz interior pós tempestade, pós purgação. Da não esperança e simplesmente aceitação do que é e do que foi.

Deixo pra trás um passado e um presente que me assombravam, me doiam, me colocavam em luto. Deixo ir um sentimento que voltava à minha porta e me forçava pela última vez olhar para mim e encarar o mais profundo e intenso reflexo de mim mesma.

Mando amor, perdão, compreensão e consciência, e fecho aqui um processo longo, dolorido e por que não, lindo!

Planejamento

Todo mundo planeja. Planeja a vida, o que ser quando crescer, como vai ser cada dia, cada momento. Quando casar, quando ter filhos, quando descansar, como isso, como aquilo. Quem vamos ser daqui 10 anos, onde estaremos daqui 20. O mais engraçado é ver a vida chegar com suas surpresas e mudar todo o curso desse rio. Por isso não planejo... tenho uma idéia... vaga idéia! Tenho sim desejos, vontades de realizar isso ou aquilo, mas gosto do elemento da surpresa. Não sai de casa planejado, não casei planejado, não engravidei planejado, não mudei de vida assim tão planejado! E gostei dos sustos. A vida é assim, me surpreende a cada curva, a cada suspiro. Planejar me entedia, tudo fica muito regrado e quadrado, e eu não gosto de nenhum dos dois.

Um brinde ao inesperado!!!

Do amor próprio!

E no final das contas tudo volta ao amor próprio. Sem ele nada é possível de ser realizado, vivido, experienciado 100%. Todo e qualquer sofrimento, projeção, dificuldade se volta à falta de amor próprio. Aprenda isso, aprenda tudo. Antes de mais nada, você mesmo. Antes de qualquer pessoa, você mesmo, pois sem você, nada funciona. Como esperar amor alheio se não amamos a nós mesmos? Quem ama alguém que não se ama?

Valorize-se, sempre!

Da importância da ação

Quando temos uma brilhante idéia, mesmo sendo brilhante somente pra nós, o que fazemos? Geralmente deixamos esfriar, pensamos com calma, demoramos pra agir, ou se quer agimos um dia. Erro, grande erro.

Uma idéia surge, lhe é enviada, seja por quem ou o que quiser chamar: Deus, inspiração, Eu superior, Ego, mente brilhante, não importa. A ação imediata é fundamental. Não é necessário que se concretize o projeto imediatamente, mas sim se faz necessário criar vida ao mesmo. Dar os primeiros passos, pesquisar, falar com terceiros, buscar informações que tragam essa idéia pra perto, pra dentro do seu campo energético e o tornar alí, real. O resto se dá automaticamente, a vida trás, o Universo entende. Crie o sentimento de veracidade, de felicidade, concretize, materialize. Mas seja verdadeiro com seus sentimentos e aja sempre em sua paixão, no que realmente condiz com sua essência. 

"Ai se eu soubesse antes o que sei hoje..."

Sobre a limpeza.

Uma constante faxina.
Limpar a mente, as crenças, os ensinamentos que não funcionam, os achismos.
Limpar, limpar, limpar.
Limpe até que encontre o nada, ou melhor, o todo.
Escute a voz interna, ouça o barulhento silêncio do Universo.
Guie-se pela intuição, ela sim sabe onde vai, sabe o que faz.
Desligue o cérebro e entre em estado de graça, alcance a si próprio.

Não, não é fácil... sim, você deixa muita coisa e muitas pessoas pra trás.
Mas a recompensa é maior do que a aparente perda. Aparente porque é completamente ilusória.
O externo somos nós de qualquer maneira. Estamos sozinhos em nossas salas de projeções, com personagens que criamos para nosso reflexo.

Continue a limpeza, sempre. E quando achar que acabou limpe mais um pouco, pois vai achar mais uma pilha enorme de sujeira.
A limpeza é eterna e o aprendizado também.

Sobre a escrita.

Escrever vicia. Escrever sobre a vida, sobre as reflexões, sobre o tempo, sobre os acontecimentos do dia, sobre as experiências pessoais e alheias, sobre tudo o que se vê e sente. Uma vez que começa, fica difícil parar. As vezes a pratica vai além e nos faz investigar processos mais profundos que nos levam a escrever... E então escrevemos sobre isso. É um ciclo sem fim e cheio de descobertas incríveis!

A primeira impressão não é a que fica!

Pré-conceitos, julgamentos, crenças. Julgamos demais, achamos demais, presumimos demais. Tenho aprendido a me calar perante ao outro e a retirar meus achismos. Meu trabalho me mostra o quanto as impressões enganam. Mulheres que aparentemente não tem nada dentro de si, mostram-se extremamente inteligentes, cultas, cheias de conhecimento que jamais pude imaginar. Basta sentar, conversar, deixar abrir, entender. Mostram-se Mulheres, almas, seres pensantes, com opiniões formadas e um passado complexo e rico em experiências. Achamos que nessa profissão, o aprendiz é o cliente... Mero engano! Aprendo muito, evoluo mais ainda. Vejo a diversidade de pensamentos e o quanto as feridas da vida as deixam mais fortes. Me sinto "roubando no jogo", pois recebo mais do que dou. Um privilégio me envolver assim e ainda receber por isso.

O de fora X O de dentro

Sempre fiquei pensando como as pessoas ao meu redor me vêem. Como me observam e o que realmente conseguem captar de quem sou, ou aparento ser. Independente do que é exposto, cada ser humano tem uma visão diferente de uma mesma coisa, pessoa ou situação. Dizem que tudo é uma questão de perspectiva e que não há ninguém que veja algo da mesma maneira. Pois pra quem gostar, quiser, tiver paciência e disposição, abro este espaço para que escrevam sobre suas perspectivas. 

Quem sou eu pra você??

Dos cuidados necessários.

Meu trabalho tem me mostrado o quanto somos facilmente abalados. Busquei nos estudos a compreensão do indivíduo, consigo próprio e em sociedade. A causa de todo um comportamento disfuncional e o motivo pelo qual permanece desse jeito. Aprendi a não julgar, a me calar, a me matar como opinião e atitude. Aprendi que para fazer esse trabalho, não devo achar a solução, mas sim ser um apoio, um suporte, até quem sabe um conforto no meio de tanta dor e caos. Mas o dia-a-dia faz com que, facilmente, se perca a compreensão, a empatia, o conhecimento. Sem uma vigilância diária de si próprio e uma revisão do por que estar alí, não seríamos capazes de manter a sanidade. Em pouco tempo nesse meio, muito pouco, já presenciei muita coisa negativa de pessoas que esqueceram completamente da origem de suas escolhas. Aprendo muito pela observação e já anotei no meu caderninho a importância do cuidado mental e as consequências de não fazê-lo. Sinto pelos que não conseguem mais relembrar suas razões. Sinto também por aqueles que sofrem com o resultado de tudo isso. Continuo observando, anotando, cuidando...

O momento certo.

Uma pressa cresce dentro de mim.
A pressa do contato, do olhar, do cheiro, das trocas de energia.
A pressa de ver o que agora apenas sinto.
A pressa de ser o que estou me tornando e ter pra sempre o que nunca tive.

Esperando.... esperando... esperando... o momento certo.

Das realidades daqui e de lá.

Nós sempre reclamamos da vida, reclamamos de banalidades praticamente inexistentes. Reclamações que viram rotinas diárias e que se tornam parte de nossa personalidade. Dia desses, no meu trabalho, fui pêga por uma das residentes para um momento de desabafo... Sua origem indígena já me trazia toda uma perspectiva específica, pois a história deles aqui vem carregada de sofrimento. Mas ouvir sua vida e suas experiências, acompanhadas de lágrimas antigas e salgadas, me fez, com uma filha na barriga, encolher e sentir o coração apertar. Mulheres que sofreram abuso sexual em tenra idade, carregam em si uma dor que nunca mais deixará de existir. O que mais me impressiona é a força dessas mulheres, que lutaram e continuam lutando por um espaço ao sol, pelos seus filhos e netos que estão presos no sistema em foster care sendo também abusados e tratados como um produto, onde a qualquer momento pode ser devolvidos e substituídos. Nunca vi uma senhora tão forte, tão centrada e tão destruída emocionalmente. Sua cultura a faz de certa forma imbatível, mesmo com um "karma" tão grande a ser lidado.

Reflito sobre a conversa, sobre suas experiências, e principalmente sobre sua coragem e força de hoje. Como é mesmo que se fica em pé depois de tudo isso?? A cada momento que passo lá, vejo o quanto o mundo anda meio torto... Me sinto privilegiada por ter esse espelho e por poder refletir, aprender e me trabalhar a cada segundo.